Arquitetura Sustentável

Bioconstrução 

Bioconstrução

Bioconstrução é uma abordagem na arquitetura e construção que se baseia na utilização de materiais naturais e sustentáveis, com o objetivo de minimizar o impacto ambiental das construções e promover a harmonia com o ambiente local.

Materiais

Em vez de utilizar materiais convencionais como concreto e tijolos cerâmicos, a bioconstrução utiliza recursos como terra crua, palha, bambu, madeira certificada, pedras naturais, entre outros.

Além dos materiais, a bioconstrução também se preocupa com técnicas construtivas que são mais eficientes em termos energéticos e ambientais, como o uso de isolamentos naturais, ventilação cruzada para redução do uso de ar condicionado, aproveitamento de águas pluviais, entre outros.

Essa abordagem busca criar edificações que não apenas se integram ao ambiente natural, mas também promovem a saúde dos ocupantes ao evitar o uso de materiais tóxicos e contribuir para um ambiente interno mais saudável e confortável.

História da Bioconstrução

A história da bioconstrução remonta a milhares de anos, com raízes profundas nas técnicas tradicionais de construção que utilizavam materiais locais e naturais.

Marcos importantes na evolução da bioconstrução ao longo da história

1. Primeiras Civilizações: Desde os primórdios da civilização, os seres humanos têm usado materiais naturais disponíveis localmente para construir suas habitações. Exemplos incluem as casas de barro dos povos mesopotâmicos e egípcios, as casas de adobe nas Américas pré-colombianas, e as casas de palha e madeira na Europa antiga.

2. Tradições Regionais: Em diferentes partes do mundo, desenvolveram-se técnicas específicas de construção que se adaptavam às condições climáticas e geológicas locais. Por exemplo, na Ásia, o uso de bambu e terra crua predominou; na África, palha e barro eram comuns; e na Europa, a madeira e a pedra eram amplamente utilizadas.

3. Renascimento e Movimentos Contemporâneos: Durante o Renascimento na Europa e os movimentos de romantismo do século XIX, houve um ressurgimento do interesse por técnicas construtivas tradicionais, que valorizavam a integração com a natureza e o uso de materiais naturais.

4. Movimento Moderno: No século XX, especialmente a partir dos anos 1960 e 1970, houve um movimento renovado em direção à construção sustentável e ecológica, influenciado por preocupações ambientais crescentes. Arquitetos e construtores começaram a explorar métodos mais eficientes em termos energéticos e materiais naturais renováveis.

5. Desenvolvimentos Contemporâneos: Hoje, a bioconstrução continua a evoluir com avanços tecnológicos e materiais inovadores. Novas técnicas estão sendo desenvolvidas para melhorar a eficiência energética das construções, reduzir o desperdício de materiais e criar ambientes internos mais saudáveis e confortáveis para os ocupantes.

A história da bioconstrução é uma narrativa de retorno às práticas construtivas tradicionais e à inovação contemporânea, tudo em busca de construções mais sustentáveis, respeitosas com o meio ambiente e saudáveis para quem nelas vive.

Técnicas de Bioconstrução

Existem várias técnicas de bioconstrução que utilizam materiais naturais e sustentáveis. Aqui estão algumas das técnicas mais comuns:

1. Adobe: O adobe é uma técnica antiga que utiliza argila, areia, água e fibras naturais (como palha) para criar blocos de construção. Esses blocos são secos ao sol e empilhados com argamassa de barro. O adobe é conhecido por sua capacidade de regular a temperatura e a umidade dentro das edificações.

2. Taipa de Pilão: Também conhecida como “pau-a-pique”, essa técnica utiliza uma estrutura de madeira ou bambu preenchida com uma mistura de barro, areia e fibras vegetais compactadas com o uso de um pilão. É uma técnica durável e resistente, tradicionalmente usada em áreas tropicais.

3. Superadobe: Desenvolvido pelo arquiteto Nader Khalili, o Superadobe ou Hiperadobe utiliza sacos de polipropileno preenchidos com terra estabilizada (geralmente cal ou cimento) para criar paredes resistentes e curvas. É especialmente útil em áreas propensas a terremotos devido à sua capacidade de flexionar sem se romper.

4. Bambu: O bambu é um material versátil usado em bioconstrução para estruturas de suporte, pisos, paredes e revestimentos. É leve, resistente e cresce rapidamente, tornando-se uma alternativa sustentável à madeira.

5. Terra Crua (Cob): O Cob é uma técnica que usa uma mistura de argila, areia, palha e água, aplicada manualmente para criar paredes grossas e curvas. É moldável, resistente e proporciona excelente isolamento térmico.

6. Telhados Verdes: Embora não seja uma técnica de construção principal, telhados verdes são frequentemente incorporados em projetos de bioconstrução para melhorar a eficiência energética, promover a biodiversidade e reduzir o escoamento de águas pluviais.

7.  Tijolos de Solo-cimento: O tijolo de solo-cimento é obtido a partir da mistura de partes proporcionais de solo, cimento e água que, após um processo de “cura” endurece ganhando consistência e durabilidade para aplicação em várias obras. O uso deste tipo de material vem desdes de aproximadamente 1948 e é uma evolução das construções de taipa e adobe.

8. Isolamentos Naturais / Fibras: Em complemento às técnicas de construção, isolamentos naturais como palha, lã de ovelha, algodão reciclado, celulose e cortiça são usados para melhorar o isolamento térmico e acústico das edificações.

Essas técnicas não apenas utilizam materiais naturais e sustentáveis, mas também promovem a integração das construções com o ambiente local, resultando em edificações mais saudáveis, eficientes e harmoniosas com o meio ambiente.

Custo de Construções Bioconstruídas

Os custos de casas bioconstruídas podem variar significativamente dependendo de vários fatores, como localização geográfica, tamanho da casa, tipos de materiais utilizados, design arquitetônico, e a complexidade das técnicas construtivas empregadas.

Pontos a considerar no custo

1. Materiais: Materiais naturais como terra crua, palha, bambu, madeira certificada, entre outros, podem ter custos variáveis em diferentes regiões. Alguns materiais podem ser mais acessíveis localmente, enquanto outros podem exigir importação ou processamento especial.

2. Técnicas Construtivas: Métodos específicos de bioconstrução, como adobe, taipa de pilão, superadobe, entre outros, podem exigir habilidades especializadas e maior tempo de construção, o que pode influenciar os custos de mão-de-obra e de construção.

3. Eficiência Energética: Muitas casas bioconstruídas são projetadas para serem altamente eficientes em termos energéticos, o que pode implicar em custos adicionais para instalação de isolamentos naturais, sistemas de aquecimento solar, ventilação natural, entre outros.

4. Design Personalizado: Se a casa bioconstruída possui um design arquitetônico personalizado, isso pode aumentar os custos de projeto e construção em comparação com modelos pré-fabricados ou padrões.

5. Localização: O custo da construção pode variar muito dependendo da região. Por exemplo, áreas urbanas tendem a ter custos de construção mais altos do que áreas rurais devido à disponibilidade de materiais, mão-de-obra e custos de terreno.

Dito isso, é difícil fornecer um custo médio preciso para casas bioconstruídas, pois elas podem variar de algumas dezenas de milhares de dólares a várias centenas de milhares, ou até milhões, dependendo dos fatores mencionados acima.

É importante consultar arquitetos, construtores especializados em bioconstrução e fornecedores de materiais naturais para obter estimativas mais precisas com base no projeto específico e na localização planejada.

Impactos dos sistemas construtivos e das edificações na saúde das pessoas

Os sistemas construtivos e as edificações têm um impacto significativo na saúde das pessoas de várias maneiras.

Principais Impactos

1. Qualidade do Ar Interno: Materiais de construção e acabamentos podem emitir compostos orgânicos voláteis (VOCs), formaldeído e outros poluentes que afetam a qualidade do ar interno. A exposição a esses poluentes pode causar problemas respiratórios, alergias, irritação nos olhos e garganta, e contribuir para condições mais graves como o câncer.

2. Ventilação: A ventilação inadequada pode levar ao acúmulo de poluentes no ar interno, incluindo CO2, partículas de poeira e alérgenos. Isso pode causar desconforto respiratório, fadiga e impactar negativamente a saúde respiratória a longo prazo.

3. Conforto Térmico: Edificações mal projetadas podem ter problemas de isolamento térmico, levando a variações extremas de temperatura dentro dos ambientes. Isso pode contribuir para desconforto, estresse térmico e impactos na saúde cardiovascular e respiratória.

4. Iluminação Natural: A falta de acesso adequado à luz natural pode afetar o ritmo circadiano das pessoas, levando a distúrbios do sono, falta de energia e problemas de saúde mental como depressão e ansiedade.

5. Acústica: Edifícios mal projetados acusticamente podem ter níveis de ruído excessivos que interferem no sono, na concentração e no bem-estar geral das pessoas. A exposição prolongada a altos níveis de ruído pode levar a problemas auditivos e aumento do estresse.

6. Radiação eletromagnética: A presença de equipamentos elétricos e eletrônicos pode gerar campos eletromagnéticos que, em excesso, são motivo de preocupação para a saúde, embora os estudos sobre os efeitos dessas radiações ainda estejam em andamento.

7. Materiais de Construção: Materiais não naturais, como alguns tipos de isolantes, tintas, vernizes e materiais compostos, podem conter substâncias tóxicas que, quando liberadas no ambiente interno, podem causar impactos adversos à saúde das pessoas que habitam o espaço.

Para mitigar esses impactos na saúde, é essencial considerar práticas de construção sustentável e saudável, como a bioconstrução mencionada anteriormente.

Isso envolve a escolha cuidadosa de materiais de construção naturais e de baixa emissão, o projeto de edificações que promovam a ventilação natural, o aproveitamento da luz natural e a consideração do conforto térmico e acústico.

Além disso, a implementação de sistemas de ventilação adequados e o monitoramento contínuo da qualidade do ar interno são práticas importantes para promover ambientes internos saudáveis e confortáveis para os ocupantes.

Vantagens de usar Bioconstrução

Utilizar bioconstrução apresenta várias vantagens significativas em comparação com métodos de construção convencionais.

Principais Vantagens

1. Sustentabilidade Ambiental: A bioconstrução utiliza materiais naturais e renováveis, reduzindo a dependência de recursos não renováveis como o cimento e o aço. Isso diminui a pegada ecológica da construção e contribui para a preservação dos ecossistemas.

2. Baixo Impacto Ambiental: Os materiais utilizados na bioconstrução geralmente têm um ciclo de vida mais sustentável, desde a extração até o descarte, minimizando a poluição e o desperdício associados à construção convencional.

3. Eficiência Energética: As técnicas de bioconstrução, como isolamentos naturais e design passivo, melhoram significativamente a eficiência energética das edificações. Isso reduz o consumo de energia para aquecimento, refrigeração e iluminação, proporcionando economias a longo prazo e reduzindo as emissões de carbono.

4. Saúde e Conforto: Materiais naturais como terra crua, palha e bambu possuem propriedades que regulam a umidade e o conforto térmico dentro das edificações. Além disso, eles são menos propensos a emitir substâncias tóxicas, melhorando assim a qualidade do ar interno e promovendo ambientes mais saudáveis para os ocupantes.

5. Resiliência e Durabilidade: Em muitos casos, materiais naturais utilizados na bioconstrução são duráveis e resilientes, podendo resistir bem às condições climáticas adversas e ao passar do tempo com manutenção adequada.

6. Beleza Estética e Personalização: A bioconstrução muitas vezes permite um design arquitetônico mais orgânico e integrado com o ambiente natural circundante, proporcionando edificações esteticamente agradáveis e únicas.

7. Custo a Longo Prazo: Embora os custos iniciais possam ser comparáveis ou ligeiramente mais altos do que os métodos convencionais, os benefícios de economia de energia, menor necessidade de manutenção e maior durabilidade podem resultar em economias significativas ao longo da vida útil da construção.

Em resumo, a bioconstrução não apenas oferece benefícios ambientais e econômicos, mas também promove ambientes mais saudáveis e confortáveis para as pessoas que vivem e trabalham nas edificações, alinhando-se com princípios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

 

 

 

 


 


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