Arquitetura Sustentável
Arquitetura Vernacular

Vernacular

O termo “Vernacular” tem várias definições e usos, dependendo do contexto em que é empregado:

1. Arquitetura Vernacular: Como discutido anteriormente, refere-se aos estilos de arquitetura tradicionais e locais que surgem organicamente dentro de uma cultura ou região específica, utilizando materiais e técnicas disponíveis localmente.

2. Linguagem Vernacular: Refere-se à língua ou linguagem cotidiana falada por pessoas comuns em uma região específica, em contraste com a linguagem formal ou acadêmica. Por exemplo, o português falado no Brasil é a forma vernacular dessa língua, enquanto o português usado em documentos formais pode ser mais formal e padronizado.

3. Arte Vernacular: Refere-se à arte criada por artistas autodidatas ou não treinados formalmente em técnicas artísticas convencionais. É frequentemente associada à arte popular ou folclórica, refletindo as tradições culturais e valores de uma comunidade.

4. Literatura Vernacular: Refere-se à literatura escrita na linguagem cotidiana de uma região ou país, em contraste com a literatura escrita em latim ou em outras línguas consideradas mais eruditas na época.

Em resumo, “Vernacular” geralmente se refere ao que é próprio ou nativo de uma determinada região ou cultura, em contraste com algo que é formal, acadêmico ou padronizado.

Arquitetura Vernacular

A Arquitetura Vernacular pode ser definida como uma tipologia de caráter local ou regional, na qual são empregados materiais e recursos do próprio ambiente onde a edificação está inserida.

Arquitetura Vernacular refere-se aos estilos de arquitetura que surgem de forma orgânica e tradicional em determinadas regiões ou culturas, muitas vezes sem a influência direta de arquitetos profissionais. Esses estilos são moldados pelas condições climáticas locais, pelos materiais disponíveis na região e pelas práticas culturais e sociais das comunidades que as desenvolvem.

As características da arquitetura vernacular podem variar amplamente de uma região para outra.

Por exemplo, em áreas de clima quente e seco, como o Mediterrâneo ou certas partes do Oriente Médio, pode-se observar o uso predominante de técnicas como paredes de adobe, ventilação natural e pátios internos para ajudar a moderar a temperatura. Já em áreas tropicais, como no Sudeste Asiático, as casas podem ser elevadas do solo para evitar inundações e permitir a ventilação.

O termo “vernacular” destaca a natureza localizada e não formalizada desses estilos arquitetônicos, muitas vezes transmitidos oralmente ou através de tradições construtivas que evoluíram ao longo do tempo. Essas construções não apenas atendem às necessidades práticas das comunidades locais, mas também refletem suas identidades culturais e históricas.

Paul Oliver no seu livro “Built to meet needs: cultural issues in vernacular architecture” (2006), fruto de um projeto intitulado Enciclopédia da Arquitetura Vernacular do Mundo, trouxe à tona a necessidade de uma definição mais refinada para o termo. Sua pesquisa resultou em uma categorização estabelecida como uma arquitetura que compreende as habitações e outras construções dos povos, relacionadas aos seus contextos ambientais e recursos disponíveis, costumeiramente construídas por seu proprietário ou pela comunidade, utilizando tecnologias tradicionais. São formas construídas para atender a necessidades específicas, acomodar valores, economias e modos de vida das culturas que as produzem.

Tradição & Contextualização

A Arquitetura Vernacular é profundamente enraizada na tradição e na contextualização cultural e ambiental de uma região específica. Aqui estão alguns aspectos importantes que caracterizam a tradição e a contextualização da arquitetura vernacular:

1. Tradição Cultural: A Arquitetura Vernacular surge da interação prolongada entre uma comunidade e seu ambiente construído ao longo do tempo. Ela reflete os valores culturais, as crenças, os costumes e as práticas sociais da comunidade que a constrói. Por exemplo, técnicas de construção, padrões estéticos e simbolismos decorativos muitas vezes têm raízes profundas na cultura local.

2. Adaptação ao Ambiente: A Arquitetura Vernacular é altamente adaptativa às condições climáticas e geográficas locais. Materiais disponíveis na região são frequentemente utilizados, como madeira, pedra, terra ou bambu, devido à sua abundância e facilidade de acesso. Os projetos arquitetônicos também são projetados para aproveitar as vantagens climáticas locais, como ventilação natural, isolamento térmico e proteção contra elementos naturais adversos.

3. Métodos Construtivos Tradicionais: A construção de edifícios vernaculares frequentemente emprega métodos de construção transmitidos oralmente ou por meio de práticas comunitárias tradicionais. Esses métodos podem incluir técnicas de entrelaçamento de materiais, uso de técnicas de impermeabilização natural, como argila ou cal, e técnicas de construção semelhantes que se desenvolveram ao longo de gerações.

4. Identidade Local: A arquitetura vernacular desempenha um papel crucial na formação da identidade local e na preservação da memória cultural de uma comunidade. Ela pode ser vista como uma expressão tangível da história e do patrimônio de um povo, contribuindo para a continuidade cultural e para a conexão emocional das pessoas com o seu ambiente construído.

5. Evolução Contínua: Embora baseada em tradições antigas, a arquitetura vernacular não é estática. Ela continua a evoluir à medida que novos materiais, tecnologias e influências externas são integrados às práticas construtivas tradicionais. No entanto, a adaptação desses elementos externos geralmente ocorre de maneira que respeite e preserve os princípios fundamentais da arquitetura vernacular local.

Em suma, a tradição e a contextualização da Arquitetura Vernacular são fundamentais para entender como ela se desenvolve e se mantém relevante ao longo do tempo, refletindo a interação dinâmica entre as pessoas, o ambiente natural e as práticas culturais específicas de uma região.

Context Geográfico

O contexto geográfico desempenha um papel crucial na forma e na função da Arquitetura Vernacular.

Aspectos importantes do contexto geográfico que influenciam a Arquitetura Vernacular

1. Clima e Topografia: As condições climáticas locais, como temperatura, umidade, ventos predominantes e precipitação, influenciam diretamente o design dos edifícios vernaculares. Por exemplo, em regiões quentes e secas, como desertos, é comum encontrar técnicas de construção que maximizam a ventilação natural e protegem contra o calor excessivo. Em áreas montanhosas, as estruturas podem ser projetadas para resistir a ventos fortes e grandes quantidades de neve.

2. Disponibilidade de Materiais: A Arquitetura Vernacular muitas vezes utiliza materiais locais disponíveis, como pedras, madeira, argila, bambu ou palha. A escolha desses materiais não apenas reflete a abundância na região, mas também se relaciona com suas propriedades físicas e ambientais, como resistência, isolamento térmico e durabilidade.

3. Tradições Construtivas: As técnicas de construção específicas desenvolvidas ao longo do tempo em resposta ao ambiente local são essenciais na arquitetura vernacular. Essas técnicas podem incluir métodos de entrelaçamento de materiais, uso de técnicas de impermeabilização natural, como cal e argila, e estratégias para maximizar a eficiência energética e o conforto ambiental.

4. Cultura e Sociedade: Aspectos culturais e sociais da comunidade local também moldam a arquitetura vernacular. Isso pode incluir simbolismos decorativos, arranjos espaciais que refletem práticas sociais, como a importância de áreas comunitárias versus espaços privados, e elementos estéticos que expressam a identidade cultural da comunidade.

5. Adaptação às Mudanças: A Arquitetura Vernacular não é estática e pode evoluir para se adaptar às mudanças nas condições ambientais, econômicas e sociais. Por exemplo, mudanças climáticas ou urbanização podem influenciar a adoção de novos materiais ou tecnologias enquanto se mantém fundamentos tradicionais.

Em resumo, o contexto geográfico abrange uma variedade de fatores que são essenciais para entender a arquitetura vernacular. Esses fatores não apenas moldam o aspecto físico dos edifícios, mas também estão intrinsecamente ligados à cultura, história e sustentabilidade das comunidades que os habitam.

 

 

 

 


 


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