Arquitetura Sustentável

Arquitetura Indígena

 

 

Estilos e Técnicas Culturais

A arquitetura indígena refere-se aos estilos e técnicas de construção desenvolvidos pelas diversas culturas indígenas ao redor do mundo.

É importante notar que existem muitas variações na arquitetura indígena devido às diferentes condições climáticas, materiais disponíveis e tradições culturais de cada grupo étnico. Aqui estão alguns exemplos significativos:

1. Tipis das Tribos Nativas da América do Norte: Estruturas cônicas feitas de pele de búfalo ou outros materiais naturais, tradicionalmente utilizadas pelos povos indígenas das Grandes Planícies.

2. Malocas na Amazônia: Estruturas comunitárias de grandes dimensões, feitas com materiais como madeira e palha, usadas por diversas tribos na região amazônica para abrigar várias famílias.

3. Casas de Palafitas: Encontradas em várias partes do mundo, incluindo o Sudeste Asiático e partes da América do Sul, essas casas são construídas sobre palafitas para proteger contra inundações e animais selvagens.

4. Inuítes (Esquimós): Tradicionalmente constroem iglus, estruturas de neve compactada, para abrigo temporário durante expedições de caça no Ártico.

5. Yurts na Ásia Central: Estruturas portáteis e circulares feitas com uma armação de madeira coberta por feltro ou tecido, usadas por povos nômades como os mongóis.

6. Mbaru Niang em Flores, Indonésia: Estruturas altas e cônicas com telhados de palha, usadas por comunidades em Flores, Indonésia, para abrigar várias famílias.

A arquitetura indígena não apenas reflete as condições ambientais e necessidades práticas de cada grupo, mas também incorpora simbolismo cultural e espiritual. Ela muitas vezes demonstra um profundo conhecimento e respeito pelo ambiente natural e uma conexão íntima com a terra.

Arquitetura Indígena no Brasil

A arquitetura indígena no Brasil é extremamente diversificada devido à vasta quantidade de etnias indígenas presentes no país, cada uma com suas próprias tradições, materiais disponíveis e necessidades específicas. Aqui estão alguns exemplos representativos:

1. Oca: Esta é uma das formas mais conhecidas de habitação indígena no Brasil, especialmente entre os povos da região amazônica. As ocas são geralmente estruturas circulares ou elípticas, construídas com paredes de palha ou madeira e telhados em forma de cone. Elas podem ser grandes o suficiente para abrigar várias famílias.

2. Malocas: Similar às ocas, as malocas são estruturas maiores, comuns entre os povos indígenas que vivem em aldeias na Amazônia. Elas podem ser retangulares e abrigar várias famílias ou ser usadas para cerimônias e reuniões comunitárias.

3. Casa de Sapê: Encontrada principalmente entre os povos do Cerrado e da Mata Atlântica, a casa de sapê é feita com paredes de trançado de folhas de palmeira e telhado de palha. É uma estrutura simples e tradicionalmente utilizada para habitação.

4. Malocas Yanomami: Os Yanomami, que habitam a região da Amazônia, constroem malocas ovais, geralmente com estrutura de madeira e paredes cobertas por palha ou folhas, adaptadas para o clima tropical úmido da região.

5. Ocas de Taipa: Entre os povos que habitam regiões de terra firme na Amazônia, como os Munduruku e os Kayapó, ocas feitas com paredes de taipa (barro socado) são comuns. Essas construções são mais duráveis e resistentes às intempéries.

6. Malocas Guarani: Os Guarani, principalmente na região sul do Brasil, constroem malocas retangulares com paredes de taipa ou bambu trançado e telhado de palha, geralmente em comunidades maiores.

No entanto, entre todo o território, elas possuíam entre si mais semelhanças do que diferenças, como seu modo de viver, habitações, cultos religiosos, caça e sistemas construtivos. Não há classes sociais entre os indígenas; todos tem os mesmos deveres e direitos com tratamento igualitário. 

A arquitetura é feita de modo vernacular. O clima tropical, úmido, com temperaturas amenas fez com que não houvesse a necessidade de materiais mais elaborados. Antes da chegada europeia no território brasileiro, havia em torno de 5 milhões de nativos, estando divididos em comunidades ao longo da região brasileira. Contando com mais de 220 etnias, atualmente, o país soma mais de 454 mil índios.

O modo de viver indígena é baseado em ocas e malocas, com certas peculiaridades entre algumas etnias, mas sendo seus sistemas construtivos bem parecidos. A forma mais simples das habitações indígenas são as ocas, uma casa unifamiliar, que podem possuir várias delas em uma única aldeia. Já a maloca é a unidade multifamiliar que consiste em uma junção das ocas, onde toda ou uma parte da comunidade vive nela. A tradição construtiva singular não significa que seja a única solução arquitetônica. Entre as etnias há diferenças na construção do espaço.

Casa Xinguanas, Alto Xingu

No Parque Indígena do Xingu, situado ao norte do estado de Mato Grosso, numa zona de transição florística entre o Planalto Central e a Floresta Amazônica, onde habitam quatorze etnias diferentes pertencentes aos quatro grandes troncos linguísticos indígenas do Brasil: caribe, aruaque, tupi e macro-jê; o quê não impediu, no entanto, que houvesse fortes trocas culturais entre as mesmas.

Há no Alto Xingu uma diplomacia histórica entre as várias etnias que vivem na região, que viabiliza inclusive casamentos entre etnias, além do desenvolvimento do estilo arquitetônico alto xinguano, com especificidades e organização espacial que variam entre as etnias, mas com um aspecto formal e estrutural bastante característico desta região.

A casa tem de trinta a quarenta metros de extensão, até dez metros de altura e abriga cerca de 30 pessoas. Sua estrutura é composta por uma dois ou mais grandes pilares que apoiam a cumeeira, vários pilaretes nas extremidades, que suportam e seguram a dupla armadura (interna e externa), feita de ripas madeira e bambu amarradas entre si; enquanto que o revestimento é feito com sapê ou folhas de palmeira.

Planta Baixa da Casa Xinguana

A residência xinguana é produzida inteiramente com materiais orgânicos e feita praticamente a mão, com pouquíssimas ferramentas, dura de 15 a 20 anos e leva cerca de sete meses para ser construída. As malocas são dotadas de apoios verticais duplos que suportam vigas paralelas. Sobre a peça que une os dois pilares, uma espécie de pontilhão vertical apoia a cumeeira.

Uma das principais características das habitações xinguanas é o antropomorfismo, fazendo referência ao corpo de um homem ou de um animal. A parte frontal configura o peitoral, assim os fundos representam as costas, os pilares, as pernas, a cumeeira está relacionada com a cabeça, a ala íntima da casa é diagramada pelos semi-círculos laterais, e são designados como as nádegas da casa, assim como as duas aberturas são como a boca e o ânus.

Quando os indígenas do Alto Xingu casam, eles vão morar na casa da família da esposa e têm que trabalhar para o sogro, para os cunhados. Eles não se falam, a comunicação é feita por meio da esposa, quando o casal começa a ter filhos e aumentar sua família, constroem sua própria casa; a construção das casas é trocada por comida, mas, além disso, os arquitetos também têm um reconhecimento social dentro da comunidade.

A estrutura faz referência às costelas, e o revestimento seriam os cabelos. O antropomorfismo das construções xinguanas se assemelha muito com as da tribo dos índios Marubos, associando a construção à uma espécie de proteção xamânica.

Maloca Toototobí, Yanomami

Os Yanomami vivem em grandes casas comunais circulares chamadas de “yanos” ou “shabonos”. Algumas podem acomodar até 400 pessoas. A área central é utilizada para atividades tais como rituais, festas e jogos.

Cada família tem sua própria fogueira onde o alimento é preparado e cozido durante o dia. À noite, as redes são penduradas próximas ao fogo, que é alimentado durante toda a noite para manter uma boa temperatura.

Os Yanomami acreditam fortemente na igualdade entre as pessoas. Cada comunidade é independente das outras e eles não reconhecem “chefes”. As decisões são tomadas por consenso, frequentemente após longos debates, onde todos têm o direito à palavra.

Como a maioria dos povos amazônicos, as tarefas são divididas de acordo com o gênero. Os homens caçam animais, como queixadas, antas, veados e macacos, e muitas vezes usam o curare (um extrato de planta) para envenenar suas presas.

Embora as caças equivalham a apenas 10% dos alimentos dos Yanomami, a sua prática entre os homens é considerada a mais prestigiada das habilidades e a carne é muito valorizada por todos.

Nenhum caçador come a carne que matou. Em vez disso, ele a compartilha entre amigos e familiares. Em troca, ele receberá a carne de outro caçador.

As mulheres são encarregadas das roças onde cultivam cerca de 60 culturas que correspondem a cerca de 80% dos seus alimentos. Elas também colhem nozes, mariscos e larvas de insetos. O mel selvagem também é muito valorizado e os Yanomami colhem 15 tipos diferentes.

Tanto os homens como as mulheres pescam e o timbó, veneno de peixe, é usado em viagens de pesca comunitária. Grupos de homens, mulheres e crianças batem cipós tóxicos que flutuam sobre a água. O líquido atordoa os peixes que sobem para a superfície da água e são coletados nas cestas. Eles usam nove espécies de videira apenas para envenenar os peixes.

Os Yanomami têm um enorme conhecimento botânico e utilizam cerca de 500 plantas como alimentos, remédios, para a construção de casas e de outros artefatos. Eles se sustentam em parte pela caça, coleta e pesca, mas as roças também são cultivadas em roças amplas localizadas na floresta. Como o solo amazônico não é muito fértil, um novo jardim é criado a cada dois ou três anos.

Os Yanomami costumam viver em uma casa agregando várias famílias, a maloca Toototobi.
Lá reúnem-se todos os membros da aldeia, sendo considerada como entidade política e econômica autônoma.

 

 


 


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Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
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